17/11/2011

SUSPENSO...E OS CAMINHOS INVARIÁVEIS

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Obs.: este texto foi escrito em 2004, então o "algo ruim" que cito, aconteceu nessa época.


Podemos transformar todos os nossos sonhos em realidade, ou em um filme, na pior das hipóteses. Mas eu acho que mesmo num filme, onde procuramos expor somente o que achamos bom, não seria possível retratar todos os nossos sonhos. Ainda mais se você é aquariano como eu, que vive sonhando, mas com o pé no chão. Conheço muito aquariano que pensa que a vida é um show. Sim, a vida é um show, e a platéia é exigente, e tudo que aqui se faz, aqui mesmo se paga. Ou se preferirem: toda ação tem uma reação. Se você faz algo bom, repercute em algo bom, se faz algo ruim, nem preciso terminar o racioncínio... Mas acho que no meu filme, eu colocaria sim, coisas que fossem ruins também. Para que as pessoas pensassem que não sou perfeito, que erro e acerto. Mas as coisas ruins não são porque, como citei antes, fiz algo ruim. São para mostrar que mesmo com atrocidades e passagens não tão agradáveis, temos que tirar algo de bom. É assim que aprendemos e foi o que meus pais me ensinaram. Escrevi isso tudo porque hoje não estou me sentindo bem. Não é nada relacionado à dores, mas é algo que repercutiu mal porque, infelizmente, eu fiz algo de errado e, agora, veio a repercussão ruim. Mas vou tentar, de qualquer forma transformar isso em coisa boa. Aí é que está a mágica: fazer algo ruim e conseguir transformá-lo em algo bom. Receita? Tirando algo de bom desta coisa toda ruim. Não é difícil. Já ouviram falar de arrependimento? Pois é, esse é o caminho. Caminho invariável quando se quer reverter o efeito de algo. E olha só, se eu fizer um filme sobre minha vida, farei questão de colocar esse "algo ruim", e no final, como em todo o filme, repercutirá em "algo bom" ou, melhor dizendo, no "final feliz".

foto por Marcos Ciccone: Palmeiras do Circo Voador, Rio de Janeiro



Quer caminhos mais sinuosos do que os do clipe do Snow Patrol (Open Your Eyes)?


...ou caminhos mais controversos semelhantes aos do poema de Bugalho?

Caminhos


Para quê, caminhos do mundo, 
Me atraís? — Se eu sei bem já 
Que voltarei donde parto, 
Por qualquer lado que vá. 


Pra quê? — Se a Terra é redonda; 
E, sempre, tem de cumprir-se 
A sina daquela onda 
Que parece vai sumir-se, 


Mas que volta, bem mais débil, 
Ao meio do lago, onde 
A mãe, gota d'água flébil, 
Há muito tempo se esconde. 


Pra quê? — Se a folha viçosa 
Na Primavera, feliz, 
Amanhã será, gostosa, 
Alimento da raiz. 


Pra quê, caminhos do mundo? 
Pra quê, andanças sem Fim? 
Se todo o sonho profundo 
Deste Mundo e do Outro-Mundo, 
Não 'stá neles, mas em mim. 


Francisco Bugalho, in "Paisagem"

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